As origens da Emis remontam ao final da década de 70, desde cedo se vinculando à produção do original triciclo com motor VW poucos anos antes projetado por Paulo Renha. Paulo começou construindo o veículo por conta própria até que, em 1980, seu amigo Eduardo de Miranda Santos fundou no Rio de Janeiro (RJ) a Emis Indústria e Comércio de Veículos Ltda. (sigla criada a partir das iniciais do seu nome). Logo Paulo a ele se associou, passando a produzir o triciclo nas instalações da nova empresa. Primeiro veículo do tipo a ser projetado no país, até hoje se diferencia dos demais por sua ainda moderna carroceria plástica reforçada com fibra de vidro cobrindo chassi e conjunto mecânico e moldando a base dos dois assentos. Paulo Renha, que teria rica experiência como projetista de carros, desenhou alguns deles para a Emis, como se verá adiante.
Além do triciclo, a trajetória da Emis se iniciou com um bem projetado buggy. Apesar do estilo convencional, era largo e baixo, conferindo-lhe aparência muito mais moderna do que os concorrentes; característicos eram os dois (depois quatro) faróis redondos posicionados sob as asas dos para-lamas. Tinha apenas dois lugares, o pneu estepe estando posicionado atrás dos bancos e coberto por uma tampa acolchoada; por cima ia um duplo santantônio cromado. O carro não dispunha de porta-malas, que só surgiria três anos depois. Além da tradicional plataforma VW, a empresa oferecia um chassi de desenho próprio, integrado à carroceria de fibra de vidro (solução hoje comum), tornando o carro o primeiro monobloco da categoria no Brasil. Ainda iniciante, a Emis não esqueceu de lembrar, nos seus primeiros anúncios, que aquele era “o buggy com a mesma qualidade de quem fabrica o Renha“.
Em 1981 a empresa lançou seu segundo modelo – o Fusck-up, transformação do Volkswagen sedã em pequena picape, com opções de suspensão traseira reforçada por molas helicoidais, toldo e carrocerias especiais. Em 1983, ao mesmo tempo em que ganhava um porta-malas, o buggy recebeu duas inovações mecânicas: novo chassi tubular em duplo Y e suspensão traseira regulável com molas helicoidais e tensores em V. Também foi disponibilizada a versão Family, com quatro lugares, na qual o estepe foi transferido para a frente e o entre-eixos alongado em cinco centímetros. Naquele ano a Emis fabricou seu 800º buggy. Para o XIII Salão do Automóvel, em novembro de 1984, a empresa preparou, para a versão Family, a capota dura HT, com portas com abertura tipo asa-de-gaivota, janelas laterais deslizantes e grande para-brisa traseiro.
O mais interessante lançamento da Emis ocorreu em 1986, em uma novela da TV Globo: o bonito carro urbano Art, com linhas delicadas e bem proporcionadas. O pequeno veículo foi projetado por Alfredo Veiga, que construiu 13 unidades em sua empresa Orto Design, até que em 1985 repassou para a Emis os direitos de fabricação. Como todos os outros produtos da marca, este também utilizava mecânica VW (no caso, do Brasília). A concepção do chassi e da suspensão traseira seguia a dos buggies (duplo Y, molas helicoidais). Com capacidade para duas pessoas, 730 kg e apenas 3,10 m de comprimento, o carrinho tinha rodas de tala larga e aro 13. Sua carroceria plástica reforçada com fibra de vidro utilizava elementos de diversas origens: portas e para-brisas do Chevrolet Chevette, lanternas traseiras do Fiat Panorama e painel do VW Gol. As bagagens deviam ser alojadas atrás dos bancos, pois o carro não possuía porta-malas.